UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS
DISCENTE: ELDER LENA
ORIENTADOR: PROF. DR. FREDERICO AYRES DE OLIVEIRA NETO
Produto Educacional: Cartilha Digital Pedagógica para Professores: O Uso de Paródias Musicais como Estratégia de Ensino-Aprendizagem nas Ciências Naturais
Conteúdo do P.E disponível em: https://cartilhapedagogica.digital h
Fonte: Imagem gerada por IA com o ChatGPT (2025).Disponível em: https://chat.openai.com
CUIABÁ – MT
2025
FICHA CATALOGRÁFICA
Estrutura e Organização do Material
Este produto educacional foi estruturado em seções que vão desde a conceituação da paródia como recurso didático até a apresentação de roteiros de aula, sugestões de avaliação e exemplos de letras adaptadas. A ideia central é possibilitar que professores, mesmo aqueles sem formação musical, sintam-se encorajados a explorar a potência da música em sala de aula, construindo experiências interativas, criativas e transformadoras.
Espera-se que esta cartilha contribua para a inovação das práticas pedagógicas, incentivando o protagonismo estudantil e fortalecendo a integração entre ciência, arte e cultura no cotidiano escolar.
01
Apresentação
Objetivos do Material, Público-Alvo e Como Utilizar
02
Fundamentação Básica
O que é uma Paródia Musical, Diferenças e Benefícios
03
Por que usar Paródias
Motivação, Aprendizagem Significativa e Interdisciplinaridade
04
Passo a Passo
Elaboração, Ensaios e Avaliação
05
Estratégias de Aplicação
Trabalho Individual, Grupos, Concursos e Recursos Digitais
06
Exemplos Práticos
Paródias de Biologia, Química e Física
07
Ferramentas Auxiliares
Fichas, Roteiros e Rubricas de Avaliação
08
Considerações Finais
Reflexões e Possibilidades de Expansão
09
Referências
“As referências utilizadas neste material estão listadas na seção REFERÊNCIAS ao final da cartilha, conforme normas da ABNT vigentes.”
Música e Educação: Uma Relação Histórica
A música, ao longo da história, sempre esteve ligada à formação humana. Para os gregos antigos, em especial Platão, a música tinha um papel ético e formativo, pois moldava o caráter e a sensibilidade dos cidadãos. Essa perspectiva se atualiza no campo educacional contemporâneo, em que a música é compreendida como linguagem cultural, universal e transversal, capaz de articular cognição, emoção e identidade social (Penna, 2010).
No ensino de Ciências Naturais, esse potencial ganha relevância porque os conteúdos muitas vezes são abstratos, complexos e distantes da experiência cotidiana dos alunos. A música atua como mediadora que torna o conhecimento mais próximo, prazeroso e memorável. Segundo Ausubel (2003), novos conteúdos só podem ser assimilados de forma significativa se forem ancorados em conhecimentos prévios. Nesse sentido, ao trabalhar com melodias conhecidas, o professor ativa a memória afetiva e cultural dos estudantes, facilitando a inserção de conceitos científicos.
Vygotsky (1991) contribui para essa discussão ao enfatizar a aprendizagem como processo mediado socialmente. A música, por ser linguagem compartilhada, cria pontes entre sujeitos e saberes. Freire (1996), por sua vez, defende uma educação dialógica e libertadora, em que o conhecimento nasce da interação entre sujeitos. Nesse horizonte, a paródia musical não é recurso de entretenimento, mas um ato pedagógico intencional, que une rigor científico e ludicidade crítica.

📦 Caixa de apoio – Justificativa para Plano de Aula
"O uso da música nesta atividade dialoga com a teoria da aprendizagem significativa (Ausubel, 2003) e com a perspectiva da mediação sociocultural (Vygotsky, 1991), contribuindo para a construção de sentidos coletivos e para a motivação dos estudantes."
Fonte: Imagem gerada por IA com o ChatGPT (2025).Disponível em: https://chat.openai.com
Benefícios do Uso de Paródias no Ensino de Ciências Naturais
Os benefícios da paródia musical no ensino de Ciências Naturais têm sido amplamente descritos em pesquisas acadêmicas recentes (Silva & Ferreira, 2021; Ribeiro & Costa, 2020; Santos & Lima, 2018). Em primeiro lugar, a paródia favorece a memorização e compreensão de conceitos abstratos. Ao transformar termos técnicos em versos ritmados, a aprendizagem se torna mais fluida e acessível (Almeida, 2019).
Memorização e Compreensão
Transformar termos técnicos em versos ritmados torna a aprendizagem mais fluida e acessível.
Engajamento Afetivo e Social
Quando os estudantes participam da construção da letra, experimentam autoria, criatividade e cooperação, fortalecendo vínculos com o conhecimento e com os colegas.
Interdisciplinaridade
Permite articular Ciências Naturais com Arte, Língua Portuguesa e História Cultural, conforme defendido pela BNCC (2018).
Aprendizagem Significativa
Se apoia em melodias familiares ao estudante e conecta o novo conteúdo a estruturas cognitivas já existentes (Ausubel, 2003).
Outro benefício é o engajamento afetivo e social. Quando os estudantes participam da construção da letra, experimentam autoria, criatividade e cooperação, fortalecendo vínculos com o conhecimento e com os colegas (Freire, 1996). Além disso, o canto coletivo mobiliza dimensões emocionais que ampliam a receptividade ao conteúdo (Vygotsky, 1991).
A paródia também contribui para a interdisciplinaridade, pois permite articular Ciências Naturais com Arte, Língua Portuguesa e História Cultural, conforme defendido pela BNCC (2018). Esse aspecto reforça a visão de que a ciência não é um saber isolado, mas parte de um tecido cultural mais amplo.
Por fim, o uso da paródia fortalece a aprendizagem significativa (Ausubel, 2003), já que se apoia em melodias familiares ao estudante e, portanto, conecta o novo conteúdo a estruturas cognitivas já existentes. Essa característica explica os resultados positivos observados em avaliações diagnósticas e formativas nas experiências relatadas pelos artigos analisados (Oliveira, 2020; Costa & Ribeiro, 2021).

📦 Caixa de apoio – Frase para Plano de Aula
"A utilização de paródias nesta sequência didática potencializa a aprendizagem significativa (Ausubel, 2003) e promove engajamento social e afetivo (Freire, 1996; Vygotsky, 1991), favorecendo tanto a memorização de conceitos quanto o desenvolvimento de competências críticas e colaborativas."
Diferença entre Recurso Lúdico e Estratégia Pedagógica
A música, quando utilizada em sala de aula, muitas vezes é reduzida a um recurso lúdico, entendido como momento de descontração ou de "quebra" da rotina escolar. Essa visão limitada, embora comum, enfraquece o potencial transformador da música na educação científica. Um recurso lúdico, por definição, tem caráter acessório e não necessariamente se articula de forma intencional com os objetivos de aprendizagem. Já uma estratégia pedagógica pressupõe intencionalidade, planejamento, alinhamento curricular e critérios de avaliação claros (Moran, 2018).
Fonte: Imagem gerada por IA com o ChatGPT (2025).Disponível em: https://chat.openai.com
No caso da paródia musical, a diferença entre usá-la apenas como "diversão" e aplicá-la como estratégia pedagógica está no modo como o professor a insere no plano de ensino. Se a canção é usada apenas para entreter, ela se limita ao campo lúdico. Contudo, se a letra é construída para contemplar conceitos científicos, organizada em sequência didática e avaliada em relação aos objetivos da aula, a paródia se configura como instrumento metodológico rigoroso (Leite; Nunes, 2020).
Segundo Vygotsky (1991), os instrumentos culturais — como a linguagem musical — tornam-se ferramentas de aprendizagem quando mediados pedagogicamente. Portanto, cabe ao professor planejar a paródia não como "extra", mas como parte do processo de ensino-aprendizagem, validando seu caráter científico e didático.

📦 Caixa de apoio – Justificativa pronta
"Nesta atividade, a paródia não foi utilizada apenas como recurso lúdico, mas como estratégia pedagógica intencional, alinhada aos objetivos da BNCC (2018) e fundamentada na perspectiva da aprendizagem significativa (Ausubel, 2003)."
Por que esta cartilha digital?
Aproximar ciência e cultura através da música
O presente material tem como objetivo oferecer aos professores da Educação Básica e da Educação Profissional um guia prático para a utilização de paródias musicais como recurso pedagógico no ensino de Ciências Naturais. Seu propósito é traduzir, em orientações objetivas e aplicáveis, os achados da pesquisa desenvolvida na dissertação de mestrado intitulada 'Cantar para compreender: o uso de paródias musicais como estratégia de ensino-aprendizagem nas Ciências Naturais'.
A proposta desta cartilha nasce da necessidade de aproximar o conhecimento científico do universo cultural dos estudantes, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais significativo, crítico e inclusivo. Para isso, o material apresenta fundamentos teóricos, estratégias práticas e exemplos concretos que possam subsidiar a atuação docente.
1. APRESENTAÇÃO
O presente material tem como objetivo oferecer aos professores da Educação Básica e da Educação Profissional um guia prático para a utilização de paródias musicais como recurso pedagógico no ensino de Ciências Naturais. Seu propósito é traduzir, em orientações objetivas e aplicáveis, os achados da pesquisa desenvolvida na dissertação de mestrado intitulada 'Cantar para compreender: o uso de paródias musicais como estratégia de ensino-aprendizagem nas Ciências Naturais'.
A proposta desta cartilha nasce da necessidade de aproximar o conhecimento científico do universo cultural dos estudantes, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais significativo, crítico e inclusivo. Para isso, o material apresenta fundamentos teóricos, estratégias práticas e exemplos concretos que possam subsidiar a atuação docente.
Este produto educacional foi estruturado em seções que vão desde a conceituação da paródia como recurso didático até a apresentação de roteiros de aula, sugestões de avaliação e exemplos de letras adaptadas. A ideia central é possibilitar que professores, mesmo aqueles sem formação musical, sintam-se encorajados a explorar a potência da música em sala de aula, construindo experiências interativas, criativas e transformadoras.
Espera-se que esta cartilha contribua para a inovação das práticas pedagógicas, incentivando o protagonismo estudantil e fortalecendo a integração entre ciência, arte e cultura no cotidiano escolar.

Objetivos e Público-Alvo
Objetivos da Cartilha
  • Fornecer referencial teórico sobre o uso da música e da paródia no ensino de Ciências Naturais (Ausubel, 2003; Freire, 1996; Vygotsky, 1991).
  • Apresentar estratégias práticas de elaboração e aplicação de paródias.
  • Reunir exemplos reais de paródias aplicadas em sala de aula (Silva & Ferreira, 2021; Oliveira & Santos, 2020).
  • Indicar ferramentas de planejamento (roteiros, fichas, protocolos).
  • Promover uma formação docente inovadora, crítica e criativa.

📌 Este material é, ao mesmo tempo, um guia conceitual e um kit de ferramentas pedagógicas.
Público-Alvo
  • Professores da Educação Básica (Ciências, Biologia, Química, Física).
  • Docentes de cursos técnicos em saúde.
  • Estudantes de licenciatura, em formação inicial.
  • Coordenadores pedagógicos e formadores, para capacitação docente.

💡 Não é necessário ter formação musical — trabalhamos com melodias populares, simples e acessíveis.
Fonte: Imagem gerada por IA com o ChatGPT (2025).Disponível em: https://chat.openai.com
Como Utilizar este Material
📖 Estrutura do Material
Fundamentação
Contextualização teórica do uso da música no ensino.
Estratégias Práticas
Instruções de como planejar e aplicar paródias.
Exemplos Reais
Paródias testadas em pesquisas e salas de aula.
Ferramentas
Fichas de planejamento, checklists e rubricas de avaliação.
Checklist inicial do professor
  • Já defini o conteúdo que quero ensinar com paródia?
  • Escolhi palavras-chave que os alunos precisam aprender?
  • Tenho uma melodia simples e conhecida para trabalhar (ex.: Atirei o Pau no Gato, Asa Branca)?
  • Planejei a atividade coletiva (produção, canto, apresentação)?
  • Organizei uma forma de avaliar (rubrica, debate, resumo escrito)?
📦 Caixa de apoio – Como começar
  1. Escolha um conteúdo curto e concreto (ex.: organelas celulares).
  1. Defina 5 a 7 palavras-chave para entrar na letra.
  1. Selecione uma melodia conhecida (quanto mais simples, melhor).
  1. Construa a letra com os alunos, mantendo o ritmo original.
  1. Cante coletivamente e, ao final, debata os conceitos aprendidos.
2. FUNDAMENTAÇÃO BÁSICA
2.1 Música e Educação: uma relação histórica e pedagógica
A música, ao longo da história, sempre esteve ligada à formação humana. Para os gregos antigos, em especial Platão, a música tinha um papel ético e formativo, pois moldava o caráter e a sensibilidade dos cidadãos. Essa perspectiva se atualiza no campo educacional contemporâneo, em que a música é compreendida como linguagem cultural, universal e transversal, capaz de articular cognição, emoção e identidade social (Penna, 2010).
No ensino de Ciências Naturais, esse potencial ganha relevância porque os conteúdos muitas vezes são abstratos, complexos e distantes da experiência cotidiana dos alunos. A música atua como mediadora que torna o conhecimento mais próximo, prazeroso e memorável. Segundo Ausubel (2003), novos conteúdos só podem ser assimilados de forma significativa se forem ancorados em conhecimentos prévios. Nesse sentido, ao trabalhar com melodias conhecidas, o professor ativa a memória afetiva e cultural dos estudantes, facilitando a inserção de conceitos científicos.
Vygotsky (1991) contribui para essa discussão ao enfatizar a aprendizagem como processo mediado socialmente. A música, por ser linguagem compartilhada, cria pontes entre sujeitos e saberes. Freire (1996), por sua vez, defende uma educação dialógica e libertadora, em que o conhecimento nasce da interação entre sujeitos. Nesse horizonte, a paródia musical não é recurso de entretenimento, mas um ato pedagógico intencional, que une rigor científico e ludicidade crítica.
📦 Caixa de apoio – Justificativa para Plano de Aula
O uso da música nesta atividade dialoga com a teoria da aprendizagem significativa (Ausubel, 2003) e com a perspectiva da mediação sociocultural (Vygotsky, 1991), contribuindo para a construção de sentidos coletivos e para a motivação dos estudantes.”
2.2 Diferença entre Recurso Lúdico e Estratégia Pedagógica
A música, quando utilizada em sala de aula, muitas vezes é reduzida a um recurso lúdico, entendido como momento de descontração ou de “quebra” da rotina escolar. Essa visão limitada, embora comum, enfraquece o potencial transformador da música na educação científica. Um recurso lúdico, por definição, tem caráter acessório e não necessariamente se articula de forma intencional com os objetivos de aprendizagem. Já uma estratégia pedagógica pressupõe intencionalidade, planejamento, alinhamento curricular e critérios de avaliação claros (Moran, 2018).
No caso da paródia musical, a diferença entre usá-la apenas como “diversão” e aplicá-la como estratégia pedagógica está no modo como o professor a insere no plano de ensino. Se a canção é usada apenas para entreter, ela se limita ao campo lúdico. Contudo, se a letra é construída para contemplar conceitos científicos, organizada em sequência didática e avaliada em relação aos objetivos da aula, a paródia se configura como instrumento metodológico rigoroso (Leite; Nunes, 2020).
Segundo Vygotsky (1991), os instrumentos culturais — como a linguagem musical — tornam-se ferramentas de aprendizagem quando mediados pedagogicamente. Portanto, cabe ao professor planejar a paródia não como “extra”, mas como parte do processo de ensino-aprendizagem, validando seu caráter científico e didático.
📦 Caixa de apoio – Justificativa pronta
“Nesta atividade, a paródia não foi utilizada apenas como recurso lúdico, mas como estratégia pedagógica intencional, alinhada aos objetivos da BNCC (2018) e fundamentada na perspectiva da aprendizagem significativa (Ausubel, 2003).”
2.3 Benefícios do Uso de Paródias no Ensino de Ciências Naturais
Os benefícios da paródia musical no ensino de Ciências Naturais têm sido amplamente descritos em pesquisas acadêmicas recentes (Silva & Ferreira, 2021; Ribeiro & Costa, 2020; Santos & Lima, 2018). Em primeiro lugar, a paródia favorece a memorização e compreensão de conceitos abstratos. Ao transformar termos técnicos em versos ritmados, a aprendizagem se torna mais fluida e acessível (Almeida, 2019).
Outro benefício é o engajamento afetivo e social. Quando os estudantes participam da construção da letra, experimentam autoria, criatividade e cooperação, fortalecendo vínculos com o conhecimento e com os colegas (Freire, 1996). Além disso, o canto coletivo mobiliza dimensões emocionais que ampliam a receptividade ao conteúdo (Vygotsky, 1991).
A paródia também contribui para a interdisciplinaridade, pois permite articular Ciências Naturais com Arte, Língua Portuguesa e História Cultural, conforme defendido pela BNCC (2018). Esse aspecto reforça a visão de que a ciência não é um saber isolado, mas parte de um tecido cultural mais amplo.
Por fim, o uso da paródia fortalece a aprendizagem significativa (Ausubel, 2003), já que se apoia em melodias familiares ao estudante e, portanto, conecta o novo conteúdo a estruturas cognitivas já existentes. Essa característica explica os resultados positivos observados em avaliações diagnósticas e formativas nas experiências relatadas pelos artigos analisados (Oliveira, 2020; Costa & Ribeiro, 2021).
📦 Caixa de apoio – Frase para Plano de Aula
“A utilização de paródias nesta sequência didática potencializa a aprendizagem significativa (Ausubel, 2003) e promove engajamento social e afetivo (Freire, 1996; Vygotsky, 1991), favorecendo tanto a memorização de conceitos quanto o desenvolvimento de competências críticas e colaborativas.”
2.4 Perspectivas Interdisciplinares para o Ensino de Ciências
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018) estabelece como princípio a interdisciplinaridade, compreendida como articulação de diferentes áreas do conhecimento para a formação integral do estudante. Nesse sentido, o ensino de Ciências Naturais não pode se restringir à transmissão de conceitos isolados, mas deve dialogar com linguagens artísticas, sociais e culturais. A paródia musical se apresenta como recurso privilegiado para esse diálogo, pois permite integrar ciência e arte, linguagem científica e expressão estética.
Segundo Morin (2015), o pensamento complexo requer que a escola supere fragmentações disciplinares e promova conexões significativas. Ao compor paródias, os alunos mobilizam conhecimentos de Ciências, mas também de Língua Portuguesa (criação textual, métrica, rimas), de Artes (melodia, ritmo, performance) e até de História e Sociologia (quando se relaciona o conteúdo científico ao contexto social e cultural da música escolhida).
Freire (1996) já alertava que a educação precisa ser dialógica e contextualizada, partindo do universo cultural dos alunos para alcançar conceitos científicos mais complexos. A paródia concretiza esse princípio, pois dialoga com repertórios musicais conhecidos, transformando-os em veículos para a compreensão de conteúdos de biologia, química, física ou ciências da saúde.
Experiências relatadas em pesquisas confirmam essa potência interdisciplinar: no ensino de citologia, paródias ajudaram os estudantes a compreender organelas celulares ao mesmo tempo em que desenvolveram criatividade textual (Almeida, 2019); em química, a estratégia aproximou fórmulas abstratas de situações concretas do cotidiano (Santos; Lima, 2018); em biologia evolutiva, as canções incentivaram o debate crítico sobre concepções alternativas da ciência (Ribeiro; Costa, 2021).
Essa abordagem amplia o alcance pedagógico da paródia e legitima sua utilização como recurso inovador, alinhado às demandas curriculares contemporâneas. Em vez de uma prática marginal ou recreativa, a paródia se insere em um movimento de ensino interdisciplinar, crítico e criativo, fortalecendo a formação integral dos estudantes.
📦 Caixa de apoio – Frase-modelo para Plano de Aula
“A atividade foi planejada a partir de uma perspectiva interdisciplinar, articulando Ciências Naturais, Língua Portuguesa e Artes, em consonância com a BNCC (2018) e com a proposta de uma educação contextualizada e significativa (Freire, 1996; Morin, 2015).”
3. Por que usar Paródias em Ciências Naturais?
Motivação e Engajamento
A paródia desperta entusiasmo imediato porque conecta o conteúdo escolar ao universo cultural dos alunos. Ao cantar e compor letras baseadas em temas científicos, os estudantes se sentem mais próximos da disciplina e participam com maior espontaneidade.
Aprendizagem Significativa
Quando os alunos criam letras de paródias, precisam reorganizar os conceitos em linguagem acessível. Esse processo faz com que a compreensão vá além da memorização.
Interdisciplinaridade e Inclusão
A paródia permite integrar Ciências, Português e Artes em uma mesma atividade, valorizando múltiplas habilidades dos estudantes. É também uma prática inclusiva, pois oferece diferentes formas de participação.
Como aplicar em sala:
Motivar
  • Pergunte quais músicas estão mais em evidência entre os estudantes
  • Escolha uma com ritmo fácil
  • Reescreva coletivamente um trecho inicial com termos científicos
➡️ Isso garante engajamento já nos primeiros minutos da aula.
Ensinar
  • Divida a turma em grupos e atribua a cada grupo um conteúdo específico
  • Cada grupo cria versos relacionando o conteúdo à melodia
  • Ao final, todos apresentam, e a turma discute os significados
➡️ Essa etapa garante que o conteúdo seja internalizado de forma sólida.
Incluir
  • Distribua papéis variados: alguns escrevem, outros cantam, outros criam desenhos
  • Relacione a letra da música com temas sociais, culturais ou ambientais
  • Avalie tanto a criatividade quanto a clareza científica
➡️ Assim, todos participam de acordo com suas capacidades.
4. Passo a Passo para Elaborar uma Paródia
Para que serve: transformar conteúdos complexos de Ciências Naturais em linguagem cantada sem perder rigor conceitual, elevando motivação e retenção (Souza, 2011; Ferreira & Oliveira, 2012; Almeida, 2015; Carvalho, 2016; Silva & Nunes, 2017; Ribeiro & Costa, 2018; Leite & Nunes, 2019; Oliveira, 2020; Gomes, 2021; Silva & Ferreira, 2020; Souza & Pereira, 2022; Lima, 2023; Santos, 2013; Moraes, 2014).
Definição de Palavras-Chave
Objetivo: mapear os conceitos essenciais que precisam aparecer na letra (evita simplificação indevida e garante alinhamento curricular).
  1. Escolha o foco (ex.: "Sistema Circulatório" ou "Citologia").
  1. Liste 8–12 termos nucleares (ex.: "ventrículo, átrio, válvula, artéria, veia, capilar, oxigenação, débito cardíaco").
  1. Agrupe por ideias (processos, estruturas, funções).
  1. Defina verbos de ação (transporta, bombeia, difunde, sintetiza).
  1. Traduza jargões em linguagem acessível sem perder precisão.
Escolha da Música
Critérios técnicos:
  • Métrica simples (4/4) e tempo moderado (80–120 BPM) – facilita encaixe silábico.
  • Refrão repetível (permite fixação de termos-chave).
  • Extensão melódica curta (todos alcançam a tonalidade).
  • Frases curtas (melhor para conceitos densos).
Critérios pedagógicos:
  • Alto reconhecimento cultural da turma (pertencimento e motivação).
  • Letra original adequada (evite músicas com teor ofensivo).
  • Conexão temática possível.
Criação e Ajuste da Letra
Estruture antes de escrever:
  • Verso 1 (introdução): tema geral e 2–3 termos-chave.
  • Refrão (a âncora): 1 ideia central repetida.
  • Verso 2 (processo/etapas): sequência lógica do conteúdo.
  • Ponte (se houver): exceções/alertas conceituais.
Técnicas de letramento científico:
  • Escansão: conte sílabas poéticas; ajuste com sinônimos curtos.
  • Rima útil: rime termo com ação/efeito.
  • Aliteração/repetição: reforça memória.
  • Glossário embutido: defina em microfrases dentro do verso.
Ensaios e Aplicação
Roteiro sugerido (aula de 50 min):
  • 05' Aquecimento (contexto + ouvir 30s da melodia).
  • 10' Revisão dos termos (quadro/slide com palavras-chave).
  • 20' Construção guiada (classe em duplas/grupos reescreve 1–2 estrofes).
  • 10' Apresentações rápidas (cada grupo canta 1 parte).
  • 05' Debrief (o que cada verso explica? corrigir imprecisões).
Avaliação Formativa
Objetivo: verificar compreensão conceitual, não "performance vocal".
Triangule evidências (3 fontes rápidas):
  1. Rubrica analítica (conteúdo, clareza, precisão, colaboração, criatividade).
  1. Checagem curta (2–4 itens objetivos/abertos sobre o conteúdo).
  1. Metarreflexão (o que aprendi? que verso representa X?).
5. Estratégias de Aplicação em Sala de Aula
As paródias musicais podem ser aplicadas de diferentes formas, variando conforme o tempo disponível, o perfil da turma e os objetivos pedagógicos. A seguir, são apresentadas estratégias práticas já testadas em pesquisas (Souza, 2011; Silva & Nunes, 2017; Ribeiro & Costa, 2018; Oliveira, 2020; Gomes, 2021), acompanhadas de sugestões de aplicação.
Trabalho Individual e em Grupo
A escolha entre trabalho individual ou coletivo depende dos objetivos da aula.
Individual: favorece a autonomia, a apropriação pessoal do conteúdo e a avaliação da aprendizagem de cada estudante. Ex.: cada aluno cria uma estrofe sobre uma organela celular.
Em grupo: estimula a cooperação, a negociação de ideias e a construção coletiva de significados (Vygotsky, 1991). Ex.: grupos de 4 a 6 alunos compõem paródias sobre etapas da fotossíntese ou do ciclo da água.
Sugestão prática: combine as duas modalidades. Primeiro, cada aluno esboça versos individuais; depois, os melhores são reunidos e organizados pelo grupo em uma canção final.
Concursos de Paródias
Concursos funcionam como eventos motivacionais, ampliando o envolvimento da turma e a valorização do conhecimento.
Passos:
  1. Defina critérios (precisão científica, criatividade, clareza, ritmo).
  1. Estabeleça jurados (professores de Ciências, Artes e Língua Portuguesa).
  1. Realize as apresentações em formato de sarau ou feira de Ciências.
  1. Ofereça certificados simbólicos ("Paródia mais criativa", "Maior precisão científica").
Pesquisas indicam que atividades competitivas bem mediadas aumentam a motivação sem prejudicar a cooperação (Carvalho, 2016; Leite & Nunes, 2019).
Integração com Outras Atividades
As paródias podem se tornar o ponto de partida ou de chegada em aulas que integram diferentes estratégias didáticas:
  • Cruzadinhas e jogos de memória: reforçam o vocabulário científico presente na música.
  • Mapas conceituais: após cantar a paródia, os alunos organizam graficamente os conceitos em rede (Novak & Cañas, 2010).
  • Debates ou seminários: a letra serve como síntese inicial para discussão.
Essa integração garante maior solidez no processo de aprendizagem, pois conecta diferentes linguagens e modos de pensar (Silva & Ferreira, 2020).
Uso de Recursos Digitais
O uso de recursos digitais amplia o alcance das paródias musicais, fortalece a autoria dos estudantes e conecta a prática pedagógica ao universo tecnológico que já faz parte do cotidiano discente. Essa estratégia também dialoga com as competências digitais previstas na BNCC (2018), que incentivam o uso crítico e criativo das tecnologias.
Fluxo de aplicação digital:
  1. Produção da letra (Google Docs ou Word online para escrita colaborativa).
  1. Ensaio da paródia (gravações em áudio simples com celular).
  1. Gravação em áudio/vídeo (celular, em sala ou em casa).
  1. Edição com recursos gratuitos (CapCut, FilmoraGo ou Audacity).
  1. Compartilhamento e repositório digital (Google Drive, Padlet, Classroom ou Moodle).
6. Exemplos de Paródias Aplicadas
Paródia de Biologia
TEMA: SISTEMA CIRCULATÓRIO
Música base: "Evidências" (José Augusto/Paulo Sérgio Valle).
Trecho adaptado:
"Sangue vai, sangue vem,
pelo corpo a circular.
Vai coração para os pulmões,
Para o oxigênio espalhar."
Como aplicar:
  • Após estudar a anatomia do coração, os alunos criam versos representando o caminho do sangue.
  • O professor usa a paródia como revisão antes da prova prática.
  • Registro pode ser feito em vídeo curto para compartilhar na turma.
Resultados observados: segundo Ribeiro & Costa (2021), alunos relataram maior facilidade em lembrar a sequência das cavidades cardíacas.
Paródia de Química
TEMA: LIGAÇÕES QUÍMICAS
Música base: "Asa Branca" (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira).
Trecho adaptado:
"Quando o átomo quer se unir,
vem elétron pra dividir.
Se for iônica vai ter troca,
se for covalente, é só fundir."
Como aplicar:
  • Professor divide a turma em grupos e atribui diferentes tipos de ligação (iônica, covalente, metálica).
  • Cada grupo cria uma estrofe explicando com exemplos concretos.
  • Finaliza-se com um concurso de paródias para fixar os conceitos.
Resultados observados: pesquisas como a de Silva & Nunes (2019) destacam aumento no índice de acertos em exercícios de classificação de ligações químicas.
Paródia de Física
TEMA: LEIS DE NEWTON
Música base: "Tempo Perdido" (Legião Urbana).
Trecho adaptado:
"Se um corpo está parado, vai continuar,
só muda se uma força vier lhe empurrar.
Se acelera, é massa vezes força,
isso é Newton a nos explicar."
Como aplicar:
  • Usar após experimentos com carrinhos e planos inclinados.
  • Os alunos transformam as observações em versos cantados.
  • O professor retoma os três princípios para consolidar a abstração matemática.
Resultados observados: conforme Gomes (2021), a música favoreceu a redução da ansiedade em alunos que tinham dificuldades com fórmulas.
QUADRO COMPARATIVO – IMPACTOS OBSERVADOS
Fonte: Imagem gerada por IA com o ChatGPT (2025).Disponível em: https://chat.openai.com
Análise dos Resultados em Sala
As experiências com paródias relatadas em Biologia, Química e Física apresentam elementos em comum:
  • Maior motivação (engajamento coletivo durante ensaios e apresentações).
  • Aprendizagem significativa (uso de linguagem musical como ponte cognitiva, nos termos de Ausubel, 1968).
  • Caráter inclusivo (alunos tímidos ou com dificuldades em escrita podem participar cantando ou tocando instrumentos).
7. Ferramentas Auxiliares
Ficha de Planejamento de Paródia
A ficha de planejamento auxilia o professor a organizar a atividade de forma clara, definindo objetivos, conteúdos, música escolhida e critérios de avaliação.
Roteiro de Aula
O roteiro serve como guia passo a passo para o professor aplicar a paródia sem improviso, garantindo intencionalidade pedagógica.
Rubrica de Avaliação
A rubrica dá transparência ao processo avaliativo, permitindo que os alunos compreendam os critérios.
Modelo de Ficha de Planejamento
Exemplo de Roteiro (50 minutos)
  • Etapa 1 (10 min): Introdução ao conteúdo (sistema respiratório).
  • Etapa 2 (15 min): Apresentação da música base e discussão de palavras-chave.
  • Etapa 3 (15 min): Produção coletiva da paródia (em grupos).
  • Etapa 4 (5 min): Ensaios rápidos e socialização das letras criadas.
  • Etapa 5 (5 min): Reflexão final e registro no caderno.
Exemplo de Rubrica (0–2 pontos por critério)
8. Considerações Finais
Reflexões sobre a Prática Docente
O uso de paródias musicais em Ciências Naturais revela-se como uma prática que rompe com o paradigma da sala de aula tradicional, aproximando conteúdos científicos da realidade cultural dos estudantes. O professor deixa de ser mero transmissor de informações para assumir o papel de mediador criativo, capaz de articular ciência, arte e afetividade.
Como destacam Freire (1996) e Vygotsky (1998), o ensino só se torna significativo quando o estudante participa ativamente da construção do conhecimento. Nesse sentido, a paródia musical se consolida como prática pedagógica emancipadora, pois valoriza a linguagem artística, fortalece vínculos e possibilita múltiplas formas de aprender.
Recomendações para Professores
Para que a aplicação das paródias alcance seu potencial pedagógico, recomenda-se que os professores:
  • Planejem com intencionalidade, definindo objetivos claros de aprendizagem antes da criação da paródia (Ausubel, 2003).
  • Respeitem a diversidade da turma, estimulando tanto alunos criativos e musicais quanto aqueles com habilidades em escrita, desenho ou edição digital.
  • Integrem outras metodologias ativas, como mapas conceituais e seminários, tornando a paródia um ponto de partida e não um fim em si mesma.
  • Valorizem a autoria estudantil, criando espaços de escuta e de protagonismo, em sintonia com a pedagogia freireana.
  • Façam registros das atividades, preservando produções para posterior análise e avaliação, o que fortalece a memória pedagógica da escola.
Possibilidades de Expansão
O potencial da metodologia não se restringe às Ciências Naturais. As paródias musicais podem ser aplicadas em:
Outras áreas do conhecimento
Como História (paródias sobre processos históricos), Matemática (regras e fórmulas), Língua Portuguesa (revisão de gramática e literatura).
Formação docente
Em oficinas de metodologias ativas, incentivando futuros professores a experimentar a linguagem musical.
Projetos interdisciplinares
Como feiras de Ciências, saraus culturais e atividades extracurriculares.
Uso em ambientes digitais
Com podcasts, vídeos curtos e repositórios de paródias, fortalecendo o vínculo entre escola e tecnologias contemporâneas.
Assim, a proposta aqui defendida transcende os limites de uma prática isolada e pode se consolidar como estratégia transformadora de ensino-aprendizagem, inovadora e inclusiva, capaz de dialogar com os desafios do século XXI.
Fonte: Imagem gerada por IA com o ChatGPT (2025).Disponível em: https://chat.openai.com
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Referencias:
  • Ausubel, D. P. (2003). A teoria da aprendizagem significativa. São Paulo: Editora Paulus.
  • Freire, P. (1996). Pedagogia do oprimido. 25. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • Vygotsky, L. S. (1991). A formação social da mente. São Paulo: Editora Martins Fontes.
  • Silva, A. P.; Ferreira, L. G. (2021). O uso de paródias no ensino de Ciências Naturais. Revista Brasileira de Ensino de Ciências, 33(2), 34-45.
  • Oliveira, M.; Santos, J. (2020). Paródias musicais e o ensino interdisciplinar de ciências. Educação e Pesquisa, 46(1), 112-130.
  • Moran, J. (2018). A educação na era digital. São Paulo: Editora Moderna.
  • Leite, E.; Nunes, A. M. (2020). Paródias como estratégia pedagógica no ensino de Ciências. Revista de Educação, 22(3), 58-74.
  • Almeida, R. S. (2019). A música como ferramenta pedagógica no ensino de Ciências. Revista de Ensino e Pesquisa, 15(4), 99-112.
  • Gomes, L. P. (2021). Inovações no ensino de Ciências: Paródias e interdisciplinaridade. São Paulo: Editora Unesp.